sexta-feira, 2 de maio de 2008

ANDANTES E ANDARILHOS



Finalmente todos foram embora
Seguiram juntos caminhos separados
Uns porque tinham
Outros porque desdenhavam
Dos pés sem calçados
Dos calçados sem donos
Da pele humana sem adorno
Finalmente todos voltaram
Calados e cabisbaixos
Andantes sem encontrar o caminho
Andarilhos sem um caminho para encontrar
Uns porque foram muito longe
Outros nem saíram do lugar
Dos pés cansados e feridos
De tanto procurar os caminhos
Aos pés sossegados de tanto esperar
Todos ficaram para sempre
Andantes e andarilhos
Juntos na mesma encruzilhada
Do mesmo caminho
Uns porque tinham esperança
De encontrar um calçado
Outros porque nunca tinham andado
Finalmente todos se olharam
Andantes e andarilhos
Uns porque não queriam ver os outros
Outros porque se escondiam
E de tanto fechar os olhos
Uns e outros se tocaram
Na escuridão de seus medos
E sem saber os andantes
Levaram os andarilhos
Juntos a percorrer o mesmo caminho
Uns porque não tinham pés
Outros porque tinham calçados
Caminharam longos tempos lado a lado
Corpos juntos sonhos colados
Andantes e andarilhos
As duas faces do mesmo homem
Um dia sem pés
Outro dia calçado

Isabel Mir
Abril 2008

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Isabel, foi com uma imensa alegria que aqui estou em seu Blog, lendo sua poesia, seus textos, conhecendo um pouco mais desta pessoa linda que você nos transmite. Obrigada por este encontro ao evento Antologia do Cen. Dando inicio a uma amizade como amor e fraternidade.
Meus cumprimentos a sua pessoa, ao seu belíssimo trabalho.
Afetuosamente,
Efigênia Coutinho