quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Poesia em revista


Vilmar Carvalho

Onde procurar a poesia da cidade que te mata?
Carregas os ossos de todos os poetas?
Que fibra é tão aérea que te escapas imensamente triste?
Afinal, qual a poesia em revista que te sufocas entre as tetas?


O homem maduro vê pela primeira vez seu peito.
O coração corre como uma avestruz desajeitada
E o balanço da vida... É uma revista das coisas acontecidas
Quando atiravas grandes banhos de esperança...

Sobre os telhados, um pouco abaixo, no rosto das ruas maltratadas,
Um pouco ao lado, nas franjas de cana-de-açúcar que tudo te custas saber...
Onde esta a poesia neste pequeno rasgo de casas?
O tempo todo partido apodrece em que pedaço de nojo?

Por que a sensação de que as mãos de seus poetas mortos
Caíram do braço e encontraram cada um dos pedaços
Da poesia que somente foi?
Onde esta a poesia dos vivos?

Numa impostura: a poesia não é afeta às conjunturas?
E preciso que as mãos da vida encontrem as mãos dos mortos,
Por que a poesia é registro, depósito e sedimento?
O homem maduro vê pela primeira vez seu peito.

Nenhuma cidade do mundo estará pesada de metáforas.
Enquanto esquecida está a poesia, outros conspiram
Um primeiro versinho sobre os auspícios da esperança.

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