quinta-feira, 18 de outubro de 2007

SOL e MI


Cordas nos acordam no pescoço, osso que foste forte, mas, se não fosse a tosse estarias bem. Antes do tom ouvistes um som? Era alguém lá de cima tentando a rima para a menina dos sonhos dormir. Barulho no murro de ar, solta a letra que tem tanta treta para se decifra, homem diz: quero notas para Mi tocar. Olhar que caminha, bolhas de água caem do céu, todos ficam atolados na lama, todos sentem a melodia da chuva, depois um coro de choro, outra chuva. Guardem os guarda-chuvas, pois, somos Sol, este que escreve não lhe abre portas, mas passa por elas em saltos de anzol. Terra fresca onde encontro contos de fadas cantados, alados, sem dados digitais? Malucos descrevem e escrevem a falsa normalidade, basta o tempo, idade que aos poucos entra dentro da água do côco, olhar na fossa, fosco. A busca pela caneta, a neta usou , sou quem procura os seus desenhos, ela me fala de estrelas e suas gotas de luz. A luz ilumina a menina do olhos de fogo. Jogo de luzes entre céu e mar, peixes rezando para a criança deitar, seus sonhos fazem o mundo pensar e isto pode ser perigoso em um momento que vivemos.

O velho passa a mão em seus cabelos, elos de sentimentos nunca mentem o que o coração fala, e fala baixo para que a vibração tenha ação, oração, espada cravada entre sabedoria e informação, ele não pode adivinhar, ninguém pode. A menina pede chuva de palavras para lavar seu corpo que transpira a inocência. Ela cresce e não escuta mais os sons, a menina fica grande e seus lindos sonhos tornam- se pequenos, impossíveis de serem alcançados, jogo-lhe o anzol para ajudá-la, quero pescar os seus sonhos e lhe entregar em uma caixa colorida, flor de idéias, imagens da vida. Menina, nina e dorme, acorda novamente em cordas, notas de Sol que Mi tocam.

Rodrigo Rafael Giovanella, (Kico).
Indaial –SC.

OBS: Este é um texto em ebulição, que nasce da consciência intuitiva deste autor que não planeja, viceja, sim, as suas impressões mimetizadas da sua alma que também se encontra em ebulição. Tal qual um vulcão prestes a emanar o magma denso, o autor a cima tem tudo para provocar rachaduras desconcertantes das placas tectônicas de uma literatura prestes a surgir como continente. Por tanto, a literatura propicia novos lugares em novos surgires, ou seja, novos textos.


Paulo Alfredo da Veiga – Escritor.

Nenhum comentário: