sexta-feira, 30 de novembro de 2007

29.11.2007 - Dia de Solidariedade ao Povo Palestino
60 anos de Escravidão.

Sobre o Comitê pró-Palestina de Blumenau, conto que o mesmo é composto por um pequeno grupo de pessoas que se interessam pela causa palestina, e que o mesmo é conectado com outros comitês semelhantes, notadamente o de Florianópolis. Convidamos a outras pessoas que tenham interesse dele participar, que nos procure e nos dê seu endereço eletrônico, para que possamos manter contato. Entre outras coisas, o comitê tem um grupo de distribuição de notícias sobre a Palestina.
Estou aqui falando em nome do comitê e tento representar, nesta cidade, os milhões de palestinos que estão dispersos pelo mundo, e também aqueles que ainda resistem, quase no limite das suas forças, no que resta do seu país.
A história nos conta que o povo palestino habita as terras de onde tem sido expulso metodicamente desde a década de 1940 já há 6.000 anos – vamos encontra-los na Bíblia sob o nome de filisteus. Em algum momento próximo desse tempo, para a mesma terra, ainda sob a ótica bíblica, segue para a Palestina Abrão, pai de Isaac e de Ismael. Isaac vai ser “pai” do povo judeu enquanto que Ismael vai ser “pai” do povo palestino – portanto, ambos os povos têm a mesma e única origem – podemos chamá-los de primos.
Enquanto os palestinos permaneceram na sua terra por todos esses 6.000 anos, o povo judeu teve diversas “saídas”: para o Egito, para a Mesopotâmia, e há que lembrarmos a diáspora sofrida no começo da era cristã, durante o Império Romano. Por diversos motivos, os “primos” judeus saíram diversas vezes da mesma terra onde os palestinos sempre permaneceram.
No século XX, devido a perseguições variadas acontecidas na Europa, o povo judeu decide voltar a ter um lar na Palestina, e fazendo uma clara leitura de política internacional, vão ter com o Primeiro Ministro inglês Lorde Balfour, que é quem administrava nessa época as terras palestinas, tidas como protetorado da Inglaterra, e passam a ter apoio quanto à sua volta aquelas terras ancestrais. Depois do Holocausto da Segunda Guerra Mundial, a ONU acaba por votar uma decisão, em 1947, que permite a volta dos judeus para a Palestina, na condição de que a mesma seja dividida entre dois países, o Estado Palestino e o Estado de Israel. Sessenta anos depois, apenas o Estado de Israel está existindo, sendo que os territórios que em 1947 ficaram pertencendo à Palestina, só restam dois pequenos enclaves: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, cada vez mais diminuídos e ocupados pelo Estado de Israel.
Nos seus pequenos enclaves, o povo palestino que lá ainda resiste, passa por um extermínio étnico, e vamos citar somente uns poucos pontos de como tal se dá:
- corte de água – as populações vivem com pouquíssima água, chegando aos limites da sede.
- cortes de eletricidade por períodos enormes e indeterminados, sendo que a nossa própria imprensa mostrou, faz pouco tempo, o bombardeio com que o Estado de Israel destruiu uma das principais usina de produção de eletricidade do povo palestino;
- pontos de controle do Estado de Israel impedem a livre circulação do povo palestino no seu território, o que significa, entre outras coisas, o impedimento de as crianças irem para a escola e os doentes e feridos chegarem aos hospitais, que às vezes estão a poucos minutos das suas casas. È bastante grande o número de vítimas que vêm a falecer por hemorragia ou outras faltas de atendimento, devido a tais pontos de controle, que impedem a livre passagem.
- Milhares de palestinos estão nas prisões israelenses, inclusive crianças, sem nenhum processo ou acusação – muitas crianças lá estão apenas porque atiraram uma pedra em possante tanque israelense que sequer se arranhou com aquela pequena agressão.
- Está quase em final de construção extenso muro (centenas de quilômetros) que está a separar do Estado Israelense de que resta de território palestino .
- destruição sistemática de casas, plantações e milenares oliveiras das quais vive o povo palestino.
- impedimento dos palestinos trabalharem, separando os palestinos das suas terras e impedindo-os de chegar aos empregos.
- Colônias formadas por fanáticos religiosos judeus instalam-se nas pouquíssimas boas terras que restam ao povo palestino, tornando ainda pior a sua vida.
- etc., etc., etc.

PODEMOS DIZER QUE UM GENOCÍDIO ÉTNICO ESTÁ ACONTECENDO NA PALESTINA, sob as vistas de todo o mundo, e com o apoio técnico e militar dos Estados Unidos, que financia o Estado de Israel com verbas a fundo perdido, já que os EUA muito precisam de um aliado fiel naquela parte do mundo, ponta de lança existente entre o mar de petróleo dos países circunvizinhos.
Em Blumenau, como em tantos outros lugares do mundo, temos hoje o dia de Solidariedade ao Povo Palestino – estamos aqui lembrando, para que tal não seja esquecido, e para que não continuemos indiferentes ao que se passa com essa gente que está sendo morta, expulsa, aprisionada e injustiçada na sua terra, e que, como todos nós, faz parte da única raça que existe: a raça humana.
Venho aqui conclamar para que haja solidariedade dentro de cada um de nós para com os nossos irmãos que tanto sofrem.


Blumenau, 29 de Novembro de 2007.


Urda Alice Klueger
Escritora e historiadora

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