quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Um Sonho no Bolso

Quantos olhos eu vejo dentro do sol? Ergue o braço menina em busca do teto sem sombra, onde andam seus passos? O fogo queima a pele, os pequenos dedinhos que nunca alcançaram as almofadas de nuvens, pedem comida na praça.
Um sorriso amarelo, reflexo do dia ensolarado, bolhas nos pés e um sonho no bolso. O que será do amanhã? Ela não pensa no que virá, mas tem a certeza de que tudo em sua vida é incerto e instantâneo, algo inevitável.
Balas, pirulitos, brinquedos, papéis para desenhar e coisas simples de criança, tudo ficou apenas na utópica lembrança, o mundo lhe roubou seu tempo, sua família, seus amigos, a sua vida dilacerada.
O barco segue sem casco, aumenta as lágrimas e o desespero de não ter para onde voltar, nada se sabe e o andar é apenas para frente.
Menina pequenina, grande mulher em seu amadurecimento prematuro, espalha alegria como se fosse jogar confetes no ar. Todos olham-na com um olhar de tristeza, todos sentem por vê-la no sinal, porém, esse sentimento é de peso na consciência, o vazio ainda é completo dentro do estomago, a menina sente fome, enquanto os outros sentem pena, ninguém lhe estende a mão, existe a desconfiança de perder o relógio ou algo que não os pertença.
A noite, sobre o cimento, debaixo do banco, perto do sinal, as luzes que param os carros, apenas ilumina seu corpo fraco e cansado. Quantos olhos ainda irão passar sobre ela?
20/11/2007 Rodrigo Rafael Giovanella (Kico).

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